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Confissões

Um texto para você sorrir.

Posted by Edgar on

And as you pulled to me whispered in my ear “don’t ever let it end” (Nickelback)

Não é estranho ler isso aqui? Porque para mim será estranho escrever algo para você sabendo que, virtualmente, o mundo inteiro poderá ler. Tá, eu sei, já posso ver sua carinha questionadora me fuzilando, o mundo inteiro é exagero. Mas ainda assim, é estranho saber que essas palavras não serão apenas suas.

E você, que lê isso aqui, pode ficar meio perdido, com aquela sensação de ter pego a conversa andando, mas não se preocupe, não é para entender mesmo, apenas aprecie as palavras 😉

Lembra quando eu te dei aquele livro de fotos do Ferrer com textos do Neruda? Eu não estava certo se você ia gostar do livro, então resolvi escrever uma dedicatória na contracapa que ao menos valesse a pena guardar o livro. Sim, eu sei que você sabe disso, mas esse povo que nos lê não.

Pessoas são poesia. E você é a minha poesia. Sempre foi. Talvez alguém ai esteja se perguntando, “pessoas são poesia?”, pois sim, são. Lemos poesia em busca de encantamento, de emoção, de subterfúgios dessa realidade monótona que nos arrasta. Pessoas são poesia, mas precisam ser lidas como tal.

O que eu vi em você? A pergunta inicial de todo relacionamento. Discutimos isso durante muitas madrugadas, iluminados apenas pela tela do celular. O que você viu em mim? Poesia… É claro que eu te vi muita vezes, mas o que me fez me apaixonar por você não foi o que eu vi, foi o que eu li. Pessoas são poesia. Mas há que saber lê-las.

Não se lê poesia como quem lê o jornal durante o café da manhã. Poesia se lê nas linhas, entrelinhas, palavras, letras, na cor do papel, no cheiro que a atmosfera traz, nos sons que circundam o espaço e o tempo em que nossos olhos decifram àquilo que ali se mostra, a poesia. Qualquer um que já tenha mergulhado nos versos do Quintana e voltado à tona sem ar sabe do que estou falando. Se não sabe, mergulhe.

Mergulhar, certa vez eu fiz um curso de mergulho. Aulas teóricas sobre os equipamentos, sobre os cuidados em mar aberto como, por exemplo, não fazer uma selfie com um tubarão — sim, eu também pensei isso, quem em sã consciência iria fazer uma selfie com um tubarão? Aulas práticas na piscina, ambiente controlado, sem tubarões e, quando você está pronto, vem o batismo. Mergulhar pra valer. Mas não era disso que eu queria falar…

Lê-se poesia de forma única. Busca-se na poesia a sonoridade das palavras, seus sentidos ocultos. No que pensava Pessoa quando escreveu que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”? O que pensa cada pessoa que lê Pessoa? Pessoas são poesia, há que saber lê-las.

Eu lia você naquelas manhãs sonolentas. Lia seus contornos, seus trejeitos, seus bocejos, seus olhares, sua maneira única de enrolar o cabelo e, minutos depois, ele desmoronar novamente no seu rosto. Lia a sua letra miúda. E entre tantas leituras, o que eu via? Beleza. Sim, beleza. E não adianta insistir, você é linda.

Lemos beleza nas pessoas. Não esse tipo de beleza plastificada, inventada pelas novelas. Eu falo da beleza poética, aquela que transforma palavras soltas, que ordeiramente se enfileram nos dicionários, em sentimentos profundos. Falo da beleza que só se conjuga nos olhares de quem, para além da gramática, busca nas palavras, ou nas pessoas, mais do que elas aparentam.

Suas mãos são poesia. E nelas há uma beleza oculta, que só pode ser lida quando nossos olhos buscam poesia. A forma delicada como você desfia o pão na chapa que comemos vez ou outra naquele posto na estrada. A musicalidade dos seus dedos enquanto eles se entrelaçam nos seus cabelos enquanto você diz que precisa trocar de xampú. A eletricidade que percorre minha pele quando sua mão me toca quando estamos passeando de carro. Todos momentos banais para olhos que buscam a concretude da realidade. Gestos poéticos para quem ajusta os olhos para o que realmente interessa…

E sua beleza me encanta. Me encanta ler-te todas as vezes que estamos juntos. Me encanta cada singelo momento em que posso contemplar os detalhes da sua pele, cada pinta, cada curva. Me encanto com seu sorriso, e com o som da sua risada, normalmente rindo de mim e das minhas piadas toscas ou das minhas histórias. Me encanto com o silêncio do seu olhar. Olhar que consegue dizer em um segundo o que eu não consigo expressar direito em cem mil palavras. Seu rosto me encanta, a cicatriz sobre o nariz que, por motivos distintos, temos igual. O contorno dos teus lábios. Me encanto com o som da sua voz perguntando “tudo bem com você?” sempre que você entra no carro.

Você é poesia. E ler-te é meu momento preferido. Escrever é minha forma de te fazer saber sobre todas as emoções que pulsam aqui dentro… as vezes você me diz que não sabe o que dizer, como responder às coisas que escrevo, e eu te digo, “seu sorriso é a melhor resposta”. Este é um texto para você, para te fazer sorrir 🙂

Você é minha poesia.