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Filosofadas

Microvidas

Posted by Edgar on

Sentei-me à mesa do escritório acompanhado de uma xícara de café. Na tela do computador, um universo de fragmentos. Uma frase aqui, uma foto ali, um verso, uma rima, uma canção, uma reclamação, uma indireta, uma direta, um lamento… como diria aquele amigo de outros tempos, e assim vai. Assim segue a vida, uma microvida, microscópica diante da imensidão de tudo aquilo que não cabe na resolução do monitor e, ainda assim, macroscópica frente a este segundo que acaba de passar. Microvida, uma vida pequena, pequenina, pequenininha. Uma vidinha? Não! A vida não se apequena no ciberespaço. Fragmentos. Nossas vidas acontecem em fragmentos e estes sim, são partículas, pequenas partes. Há aquela (micro)vida da escola, da universidade, do trabalho, da família, da boemia e até mesmo aquela (micro)vida da solidão. Vidas fragmentadas em pequenos momentos, frações. Fragmentada pelas horas que o relógio nos toma em cada uma das nossas microvidas, microcosmos, microcaos… Não, a vida não se apequena, ela é apenas um amontoado de pequenos momentos, tal qual os átomos quem nos compõem. O ciberespaço é só mais um espaço onde as microvidas transitam. Da tela do celular para o gole com os amigos, da tela do computador para os beijos da amada, da tela do notebook para os tiros deflagrados contra inocentes, por detrás de cada tela, uma microvida. A vida, aquela maior, a que se coloca nos cantos metafísicos da religião, essa vida escapa-nos pelo vão dos dedos. Essa, a macrovida, só pode ser pensada, ponderada, refletida, filosofada (filosofiada)… a vida é uma coleção de momentos. Este momento, no qual escrevo estas poucas palavras, é apenas mais um momento, uma microvida que faz sentido dentro dele e que, fora dele, talvez tenha a mesma importância que dois átomos de hidrogênio que perambulam por um quasar qualquer, a trilhões de anos-luz daqui… a pequeneza da vida não está na sua fragmentação, sua pequeneza, já disse o poeta, está n’alma, mas isso é assunto para outra microvida.

😉 EdGar